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Os casos de febre amarela silvestre no norte de Minas Gerais geraram uma corrida em busca da vacinação no Estado, mas é preciso cautela com a imunização indiscriminada e sem indicação.
Embora muito segura e com eficácia que chega a 90%, a vacina contra a febre amarela pode causar reações adversas, como qualquer medicamento. Os casos graves são raros, porém, crescem em quantidade conforme aumenta a população vacinada.
O cuidado neste momento se faz necessário porque a situação remete ao que ocorreu no verão de 2007/2008, quando, após casos de febre amarela silvestre em Goiás, com intensa cobertura da imprensa, houve uma corrida pela vacinação em todo o país.
Em menos de dois meses, entre final de dezembro de 2007 e meados de fevereiro de 2008, mais de 7,6 milhões de doses foram aplicadas– 6,8 milhões só em janeiro de 2008. À época, a quantidade era equivalente a uma demanda de quase seis meses de vacinação em todo o país.
Como resultado dessa corrida maluca (que, depois, mostrou-se desnecessária porque o número de casos estava de acordo com o ciclo natural silvestre da doença), houve oito casos de reação adversa grave à vacina, com seis mortes. Três delas por doença viscerotrópica, que pode causar choque, derrame pleural e abdominal, e falência de múltiplos órgãos. Foi um número alto em relação à série histórica anterior e relacionado, muito provavelmente, ao número igualmente muito alto de doses aplicadas em curto período.
Em nove anos (1999-2007), o Ministério da Saúde havia registrado oito casos da doença, com sete mortes.
O problema pode atingir uma pessoa a cada 400 mil vacinadas, segundo a literatura médica. Encefalites também são episódios raros. Reações mais brandas, como dores no corpo, na cabeça e febre, podem afetar entre 2% e 5% dos vacinados. Por isso, é preciso seguir à risca as orientações das autoridades sanitárias sobre quais regiões e grupos populacionais devem vacinados.
Por exemplo, não devem receber a vacina gestantes, crianças com menos de seis meses de idade, alérgicos ao ovo e seus derivados e imunodeprimidos por doenças como câncer e Aids ou por tratamentos (imunossupressores, radioterapia etc).
Pessoas com doenças autoimunes (como lúpus e artrite reumatoide) devem ser avaliadas caso a caso, preferencialmente pelo médico que já as acompanha.
Entre as mortes por reação vacinal em 2008, pelo menos duas foram de pessoas para quais a vacina era contraindicada. Em Goiás, um vigilante que já tinha danos no fígado por hepatite B morreu dias depois de ser vacinado. Em São Paulo, uma enfermeira que tinha lúpus também morreu com suspeita de febre amarela vacinal.
A experiência mostra que todo cuidado é pouco na interpretação e divulgação de dados epidemiológicos.