A Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj) lançou hoje (12) uma campanha para alertar as mulheres grávidas e as que pretendem engravidar sobre os riscos da ingestão de bebidas alcoólicas para o feto. Segundo a diretora da Soperj, Leda Amar de Aquino, como não se sabe a quantidade segura de bebida alcoólica que uma grávida pode tomar, a recomendação é “álcool zero”. O alerta, segundo ela, é referendado pela Academia Americana de Pediatria e pelo Colégio Americano de Obstetras e de Ginecologistas.
Quando a grávida ingere álcool, a substância atravessa a placenta, e pela imaturidade e pelos baixos níveis das enzimas do feto, o metabolismo e a eliminação do álcool são mais lentos. Isso faz com que o bebê fique mais exposto aos efeitos da bebida, que são mais frequentes no cérebro e no coração.
Um dos principais problemas que o consumo de álcool durante a gestação pode trazer ao bebê, segundo Leda, é a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), que não tem cura e pode aparecer de diversas formas. “No nascimento, você já pode perceber, pelo rosto do bebê, se ele é portador dessa síndrome. Ele tem um rosto diferente”, explicou. Olhos afastados, base do nariz achatada, lábio superior mais fino e microcefalia são alguns dos traços que podem indicar a presença da síndrome, segundo a diretora da associação médica.
A criança com SAF pode apresentar também alterações renal e cardíaca sérias, além de mostrar transtornos mais tardios. “Muitas vezes, a criança não vem com essas alterações que são perceptíveis ao nascimento, mas ao longo do crescimento, pode-se perceber alterações no seu desenvolvimento, inclusive retardo mental. Pode ter problemas de escolaridade, problemas comportamentais”, listou a médica.
De acordo com a Soperj, no Brasil a incidência da SAF é de 1,5 caso por mil crianças nascidas vivas. Além disso, há 34,1 casos de portadores de alterações do neurodesenvolvimento relacionadas ao álcool por mil nascidos vivos.
Edição: Luana Lourenço