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Gravidez prolonga ação de vírus da zika, diz estudo com primatas
Saúde / Ciência
Publicado em 28/06/2016

Pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, demonstraram que uma infecção pelo vírus da zika é prolongada caso ocorra durante a gravidez. O estudo foi publicado nesta terça-feira (27) na revista "Nature Communications".

Esta também foi a primeira vez que uma pesquisa demonstrou que os macacos rhesus são suscetíveis à infecção pelo vírus da zika e que, portanto, esses animais podem ser usados como modelo para estudo da doença e para a realização de testes para possíveis tratamentos e vacinas.

A equipe constatou que o vírus persistiu no sangue das macacas gestantes por um período de 30 a 70 dias. Entre os animais que não eram gestantes, alguns já estavam livres do vírus 10 dias após a infecção.

Uma possível explicação para a persistência do vírus da zika na gravidez é que o sistema imunológico de mães fica naturalmente comprometido e simplesmente não é capaz de eliminar a doença mais rápido.

Outra possibilidade é que o vírus detectado na corrente sanguínea da mãe é na verdade indicativo da infecção do feto. E que é a infecção no feto que seria mais prolongada do que a infecção da mãe.

Liderados pelo professor de patologia David O’Connor, cientistas utilizaram os primatas como modelo de estudo das infecções do vírus. Roedores com a imunidade comprometida já foram infectados experimentalmente antes com o zika, mas eles não possuem características consideradas chave para simular a infecção humana e o desenvolvimento fetal.

Oito macacos rhesus foram infectados com vírus da zika, com detecção do material genético viral no sangue, saliva, urina e medula. Entre os animais gestantes, o tempo médio de infecção foi de 57 dias. Já entre os não-gestantes, o tempo médio de infecção foi de 21 dias.

Além de constatar uma maior permanência do vírus da zika durante a gravidez no organismo, os pesquisadores também descobriram que os macacos que já haviam sido infectados resistiram a uma nova infecção 10 semanas mais tarde. Os pesquisadores avaliaram os anticorpos no 21º dia e a nova inoculação do vírus não gerou uma reinfecção, o que sugere uma resposta natural de proteção ao vírus.

"Temos uma boa notícia para a maior parte das pessoas: se você não está grávida e não tem risco de ficar grávida, provavelmente você não precisa se preocupar com o vírus da zika", diz O'Connor. "Mas minha preocupação com o vírus da zika durante a gravidez é agora maior do que era há seis meses."

Vírus já circula em 61 países
Em fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o vírus da zika como emergência de saúde pública global. O vírus foi associado à microcefalia, uma malformação congênita.

De acordo com boletim da OMS divulgado na semana passada, 61 países e territórios já registram transmissão continuada do vírus da zika. Além disso, outros 10 países tiveram relato de transmissão de zika de indivíduo para indivíduo, provavelmente por via sexual.

O Brasil é o país onde o vírus está mais disseminado, com mais casos de infecção pelo vírus e de microcefalia associada à zika. O país teve 138.108 casos prováveis de zika em 2016 até o dia 7 de maio, segundo o Ministério da Saúde. Em 2016, o país registrou uma morte causada pela doença em um adulto no Rio de Janeiro e, no ano passado, foram 3 mortes de adultos.

Ainda segundo a pasta, são 1.616 casos confirmados de microcefalia desde o início das investigações, em 22 de outubro, até 11 de junho.

 

 

Do G1, em São Paulo-28/06/2016 12h00 - Atualizado em 28/06/2016 12h00

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