Rio de Janeiro e São Paulo – O varejo deverá movimentar R$ 4,2 bilhões em vendas motivadas pelo Dia dos Pais, comemorado no segundo domingo deste mês, segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se confirmada a projeção, será o pior desempenho do setor registrado desde 2004, quando teve início o trabalho de acompanhamento da comercialização na data, consistindo em retração de 9,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. O valor estimado corresponde a 5,6% de todo o faturamento esperado para agosto. Em 2004, as vendas subiram 1,6%.
De acordo com o economista Fábio Bentes, da CNC, o alto custo do dinheiro prejudica, hoje, segmentos muito dependentes do crédito, que vão enfrentar o sumiço dos clientes. “O Dia dos Pais figura entre as seis datas comemorativas mais importantes do calendário varejista. Porém, com taxas de juros ao consumidor batendo nove recordes nos últimos 12 meses, os segmentos mais dependentes das condições de crédito, como eletrodomésticos e produtos de informática, deverão se destacar negativamente”, afirmou.
Outro fator essencial para o comportamento das vendas é a inflação dos preços. Bens duráveis, como microcomputadores, máquinas fotográficas e televisores, tendem a ser preteridos devido a reajustes das tabelas praticados nos últimos 12 meses, de 22,7%, 20,7% e 16,7%, respectivamente. Itens como sapatos masculinos, que encareceram 3,5%; tênis, que ficaram 3% mais caros, e CDs e DVDs, com ligeira remarcação de 0,1%, além de pesarem menos nos bolsos dos filhos registraram variações de preços menores no mesmo período.
Ainda na avaliação da CNC, mais da metade das vendas do Dia dos Pais deverá ser contabilizada pelos hipermercados e supermercados (36,3%) e as lojas de vestuário e calçados (19,7%). Artigos de uso pessoal e doméstico ficaram na terceira posição das estimativas, com 13,2%, seguidos de produtos de farmácias e perfumarias, com 10,1%.
Quanto aos empregos temporários gerados para reforçar o atendimento na data, a oferta de 24,2 mil vagas temporárias em todo o varejo, esperada pela CNC, é 3,7% inferior ao contingente contratado em idêntico período de 2015. Uma vez confirmada a perspectiva, será o menor nível de contratação desde o Dia dos Pais de 2012, quando foram abertas 23,9 mil vagas. A cada três vagas criadas, duas deverão ser abertas nos segmentos de hiper e supermercados (10,8 mil postos) e de vestuário e acessórios (5,1 mil). O salário médio de admissão desses trabalhadores deverá ser de aproximadamente R$ 1.198.
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Quedas menos intensas As vendas no comércio varejista tiveram queda de 4,1% em junho no Brasil, ante junho de 2015, informou ontem relatório divulgado pela MasterCard SpendingPulse. A queda média nos últimos três meses foi de 4,5%, mostrando melhora em relação à média do primeiro trimestre do ano, de 5,3%. Dos sete setores considerados na pesquisa, quatro tiveram desempenho acima do índice cheio em junho: artigos farmacêuticos, material de construção, supermercados e vestuários.
De outro lado, os segmentos de móveis/eletrodomésticos, artigos de uso pessoal e doméstico e combustíveis ficaram abaixo da média geral. O comércio eletrônico vendeu 1,7% mais em julho ante o mesmo mês do ano passado. “O ambiente econômico permanece desafiador, com o aumento do desemprego e fraco crescimento da massa salarial. A inflação também manteve-se elevada, o que contribui para a erosão do poder de compra dos consumidores. Continuamos a esperar que o varejo brasileiro venha a se deteriorar um pouco mais nos próximos meses, mas talvez em um ritmo mais lento do que antes”, afirmou Kamalesh Rao, diretor de pesquisa econômica na MasterCard Advisors.
Embora seja considerada uma das principais datas do comércio brasileiro, o Dia dos Namorados não ajudou muito neste ano. As vendas na semana que antecedeu a data caíram 4,1% na comparação com igual período do ano anterior. O SpendingPulse é um indicador macroeconômico que informa sobre gastos no varejo nacional e o desempenho do consumo. O relatório é baseado nas atividades de vendas na rede de pagamentos MasterCard, juntamente às estimativas para todas as outras formas de pagamento, incluindo dinheiro e cheque. O relatório, bem como as previsões de tendências de gastos, não refletem ou se relacionam com o desempenho operacional e financeiro da MasterCard.
Tíquete inferior a R$ 100
Pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio MG) indica que os filhos pretendem gastar menos de R$ 100 com o presente para os pais, de acordo com 68,2% dos consumidores ouvidos para o levantamento sobre os gastos influenciados pelo Dia dos Pais. No ano passado, 25,1% das pessoas consultadas ficaram restritos a essa faixa de preço. Cerca de 40% dos consumidores afirmaram que vão procurar um produto mais barato do que aquele adquirido em 2015. As promoções e liquidações serão o grande atrativo para 70,9% dos entrevistados, sendo que boa parte deles (42,5%) deixará para escolher o produto somente na semana da data comemorativa.
Estado de Minas - Postado em 02/08/2016 00:12 / Atualizado em 02/08/2016 07:57