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Partidos abandonam siglas e adotam nomes sem 'P' para atrair eleitores
Política
Publicado em 03/07/2017

 

 

Em um país em que grande parte do meio político está sendo investigada por participar de esquemas de corrupção e os partidos são cada vez mais malvistos pela população, abandonar o tradicional formato de siglas pode ser uma alternativa para melhorar a imagem com o eleitor. Se não tiver a palavra “partido” na identidade, melhor ainda. Nessa onda, além de legendas como PTN, PTdoB e PSL que estão mudando seus nomes para palavras, novos grupos que pedem registro ao Tribunal Superior Eleitoral seguem essa tendência. Cientistas políticos, porém, alertam: não basta mudar a cara se os métodos continuarem os mesmos. 

Saiba mais

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PTdoB muda de nome para 'estreitar laços' com povo

 

Recentemente, o PTdoB aprovou a mudança do nome para Avante. O PTN agora é Podemos e o PSL iniciou um movimento nacional para se tornar Livres. Dar nomes de palavras para se diferenciar dos partidos tradicionais é algo que já ocorreu antes com legendas como a Rede Sustentabilidade e o Solidariedade. Antes ainda, o extinto PFL se tornou Democratas. 

Na fila para serem criados, outras agremiações tentam engrossar as fileiras partidárias sem o partido no nome. Tem Igualdade, Manancial, União da Democracia Cristã do Brasil, Patriotas, Força Brasil e uma série de outros, somando 15 nomes que aboliram o “P” da sigla. 

Cientistas políticos creditam as mudanças nos nomes dos partidos ao momento ruim para as legendas. Para ilustrar, o último índice de confiança divulgado pela Fundação Getulio Vargas no fim de 2016 coloca os partidos políticos em último lugar, com apenas 7% de confiabilidade pelos brasileiros, atrás do Congresso Nacional (10%), da Presidência da República (11%) e das redes sociais (23%). Já o índice de confiança social realizado pelo Ibope apontou em 2015 que as legendas caíram à metade dos pontos que tinham em 2010 (33), chegando em 17 em uma escala que vai de zero a 100. O levantamento mede a confiança em 18 instituições e grupos sociais.

“Os movimentos internacionais que deram certo e tiveram grande visibilidade não têm partido no nome, como o Podemos na Espanha e o Cinco Estrelas na Itália, então existem exemplos internacionais. Além disso, os partidos como instituição e conceito nunca tiveram credibilidade tão baixa no Brasil”, afirma o cientista político da Universidade de São Paulo (USP), Rubens Figueiredo. Ele ressalta, porém, que é preciso apresentar uma proposta nova ao eleitor. “O Podemos, por exemplo, está falando em um novo estilo de fazer política, com um projeto de democracia direta. Se for mudar só o nome não adianta”, afirmou.


O cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getulio Vargas, reforça a necessidade de mudança estrutural. “É uma tentativa de se apresentar com outra imagem. A prática vai dizer se isso terá resultado imediato. Agora, vai ser mais produtivo se houver novas práticas, um outro tipo de posicionamento”, disse. Para o professor, que lembra que já houve um movimento semelhante, com a criação do Democratas e outros partidos, a nova investida pode ser interpretada como efeito da Operação Lava-Jato. “O próprio fato de não ter mais o nome partido demonstra uma forma de tentar diminuir o desgasta de carregar essas siglas”, avalia. 

 

TENDÊNCIA 

Os representantes dos partidos, porém, garantem que a tendência nada tem a ver com a crise de baixa representatividade com a população. “No nosso caso, a gente sentiu a militância querendo mudança, não foi uma simples troca de nome, é um novo conceito, um novo estatuto”, garante o presidente do novo Avante, deputado federal Luis Tibé (MG). Segundo o parlamentar, alguns nomes como “vamos”, “juntos” e “nova democracia” foram colocados em votação, e o diretório escolheu a nova identidade. “Achei meio estranho no início, mas em dois dias de mudança tivemos 1,2 mil filiações, coisa que no ano passado inteiro não ocorreu”, disse.

Tibé disse que com a mudança no partido pretende conseguir engajamento. “Acho complicado e perigoso esse ódio e desânimo das pessoas com a política, por isso queremos trazer pessoas de bem para participar mais”, afirmou. O parlamentar nega que a onda de novos nomes seja para se desvincular dos partidos. “A revolta é com os partidos tradicionais, o PT, PMDB; aqui em Minas o PSDB tem um ambiente ruim, mas não é generalizado. Não acho que este seja o motivo”, disse.


O presidente do PSL em BH, vereador Léo Burguês, também diz que a mudança de nome para Livres é apenas para consolidar um grupo político que já vinha articulando um pensamento programático. “Existe um movimento ligado a questões como estado mínimo, enxugamento da máquina, diminuição de cargos de confiança, defesa das minorias. É uma identidade com um pensamento que o PSL resolveu adotar a nível nacional, uma tentativa realmente de colocar o partido de uma maneira mais programática”, diz. Burguês também nega a mudança de nome por causa da imagem. “Partidos maiores tiveram desgastes e não mudaram de nome. no nosso caso só posso dizer que é muito pelo contrário, não tem ninguém envolvido em nada”, afirmou.

 

SOPA AGORA 
É DE PALAVRAS

Partidos mudam de nome
» PTN - Podemos
» PTdoB – Avante
» PSL – Livres
» Democratas
» Rede Sustentabilidade
» Solidariedade

Na fila para existir :
» Aliança Renovadora Nacional
» Força Brasil
» Igualdade
» Liga Democrática Liberal
» Manancial
» Movimento Cidadão Comum
» Nova Ordem Social
» Patriotas
» Raiz Movimento Cidadanista
» Real Democracia Parlamentar
» Renovar
» União Democrática Nacional
» União para a Defesa Nacional
» Unidade Popular

 

Novos prefeitos em Minas
Renato Soares de Freitas (PSD) e Cairo (PEN) foram eleitos ontem prefeito e vice de Campo Florido, no Triângulo Mineiro, com 2.671 votos. Alvo de um atentado na sexta-feira à noite, Freitas foi baleado no ombro, tórax e pescoço e segue internado em hospital de Barbacena. Outras duas eleições extemporâneas ocorreram ontem em Minas Gerais: em Santa Rita de Minas, no Rio Doce, a chapa Ademilson Fernandes (PP) e Erci de Lima (PTdoB) foi eleita para comandar a cidade até 2020. Compareceram às urnas 4.820 eleitores (81,6% do eleitorado). Em Canaã, na Zona da Mata, Sebastião Hilário Bitencourt (PP) e Zé Ivanir (PR) foram os vencedores.

 

 

 Juliana Cipriani /Estado de Minas -  Postado em 03/07/2017 06:00 / Atualizado em 03/07/2017 07:49

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