Estudar para a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode ser confuso: ao contrário das quatro provas objetivas, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não informa o conteúdo exigido de antemão. O objetivo, afinal, é avaliar se os candidatos e candidatas demonstram as competências esperadas na hora da produção de um texto dissertativo-argumentativo. Por isso, o G1 ouviu dez professores de cursinhos pré-vestibulares e reuniu as principais dicas para chegar preparado para a redação, que, neste ano, será aplicada no dia 6 de novembro.
Até lá, a principal recomendação dos professores é fazer entre uma ou duas redações por semana. Veja abaixo as principais dicas para aproveitar as últimas semanas antes do Enem 2016:
COMO ESCOLHER TEMAS PARA TREINAR
As dicas que o G1 reuniu junto às professoras e professores de cursinhos pré-vestibulares são de temas que poderiam aparecer na hora H. Mas todos já avisam que não existe "bola de cristal", e que não basta ficar de olho em assuntos que ocuparam os holofotes da opinião pública neste ano ou no ano passado. Um exemplo de como isso pode atrapalhar é o tema sobre os efeitos da Lei Seca no Brasil, que não estava em pauta antes de aparecer na prova do MEC.
Outra dica é entender que o tema da redação é relevante, mas não é o mais importante: o que a prova espera é que o candidato leia e entenda a proposta, estruture sua redação dentro do formato exigido e produza sua proposta de acordo com valores universais de direitos humanos.
Segundo eles, o assunto das provas de redação costumam estar relacionados à realidade da sociedade brasileira e a questões mais ou menos atuais que reflitam sobre o bem estar coletivo, os efeitos e as consequências de um problema. Vale lembrar que o tema sempre vai exigir um posicionamento do autor da redação.
Entre os temas que foram mencionados por mais de um professor estão a questão do investimento no esporte como forma de ascensão social, ou de promoção da saúde contra o vício das drogas, os desastres ambientais, como a quebra da barragem em Mariana (MG), em 2015, e a construção da polêmica usina hidrelétrica de Belo Monte. A mobilidade urbana também foi citada por três dos dez docentes ouvidos na reportagem. Confira a seguir:
Ana Paula Severiano, professora de redação do Stockler
"O papel da população no combate ao mosquito Aedes aegypti"
"O desafio da mobilidade urbana nas grandes cidades do Brasil"
"A responsabilidade diante de grandes catástrofes ambientais"
Cora de Andrade Ramos, professora de redação do Hexag Medicina
"Refugiados: o papel do Brasil na ajuda a países assolados por guerras e grupos terroristas"
"Belo Monte e o desastre em Mariana: qual é o custo do progresso?"
"Estado laico e democracia são conceitos teóricos ou aplicáveis na sociedade?"
Gabriela de Araújo Carvalho, coordenadora de redação do Curso Poliedro
"A intolerância religiosa e suas consequências: violência e opressão"
"O esporte como possibilidade de ascensão social"
"A participação política por meio das redes sociais"
Lilica Negrão, professora de redação e gramática do Colégio Oficina do Estudante
"As ocupação das escolas públicas e o movimento estudantil"
"Redução da maioridade penal"
"Democracia e a participação dos jovens"
Marcus Vinicius, professor de redação do Colégio Qi
"Urbanização e sustentabilidade"
"Mobilidade urbana"
"Economia verde"
Maria Aparecida Custódio, professora do Laboratório de Redação do Objetivo
"A prática do bullying nas escolas brasileiras"
"A inclusão de pessoas com deficiência no Brasil"
"O fenômeno da transição demográfica no Brasil"
Sérgio Paganim, coordenador de redação do Anglo
"A privacidade da comunicação nas redes sociais: o embate entre o judiciário brasileiro e o WhatsApp"
"O colapso da mobilidade urbana e suas perspectivas"
"O embate entre o poder público e interesses privados diante de grandes problemas ambientais"
Simone F. G. da Motta, coordenadora de português do Etapa
"A luta pela vida e o uso de medicações controversas, como a 'pílula do câncer'"
"As drogas na vida e no esporte: como fortalecer a juventude e combater o vício"
"O respeito ao próximo: um mundo sem preconceitos"
Tássia Monteiro, professora de redação do Cursinho Maximize
"Lixo e reciclagem: destino consciente para os resíduos"
"A crise hídrica e o uso consciente da água"
"A inovação na área de práticas sustentáveis"
Thiago Braga, professor de redação do Sistema pH
"A necessidade de mudança do modelo de transporte nas grandes cidades brasileiras"
"O esporte como mecanismo de diminuição das disparidades sociais brasileiras"
"Formas de intensificar o combate ao racismo no Brasil"
QUATRO PASSOS PARA TREINAR A REDAÇÃO
Os docentes avisam, porém, que não basta só escrever a redação. São quatro os passos para chegar preparado para essa prova do Enem: ler, escrever, corrigir e reescrever. Primeiro, é preciso se habituar a sempre ler notícias e eventos de conhecimentos gerais. O repertório cultural dos candidatos pode, além de evitar "sustos" na hora de descobrir o tema, garantir uma redação diferenciada, e considerada acima da média pela banca de corretores.
Em seguida, na hora de treinar, ganha pontos na preparação quem mantiver a disciplina de produzir a redação com um relógio ao lado, cumprindo todas as etapas da prova (ler os textos de motivação, organizar a estrutura da redação e redigir o texto) a tempo de responder às 90 questões objetivas de matemática e português. É necessário também seguir as regras do Guia de Redação divulgado pelo Ministério da Educação, ou seja, usando os elementos que poderia ser pedidos como textos de motivação para entender o que o tema pede que seja abordado.
Depois de feita a redação, o terceiro passo é pedir que um professor corrija o seu texto e mostre em que pontos ele teve falhas. Vale lembrar que a nota da redação é composta da soma de notas em cinco competências diferentes, por isso, saber onde você precisa melhorar, e refazer as redações até conseguir uma nota alta, pode ajudar no dia da prova.
Se você não tem um professor para corrigir suas redações, uma dica é fazer redações sobre os temas mais recentes do Enem e, depois, comparar o seu texto com provas que tiraram notas altas.